A Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet) alerta para os efeitos prejudiciais da manutenção de taxas de juros elevadas no Brasil, que têm impactado diretamente o setor pet e as famílias que possuem animais de estimação. A entidade acredita que as atuais condições de crédito no país são um obstáculo significativo para o desenvolvimento econômico, especialmente para uma indústria que desempenha papel fundamental na vida de milhões de brasileiros.

O Brasil projeta um faturamento de R$ 77 bilhões para o setor pet em 2024, segundo dados da Abinpet e do Instituto Pet Brasil (IPB). Este crescimento de 12,1% em relação a 2023 reflete a importância cada vez maior do cuidado com os pets. Mas grande parte dessa alta reflete a inflação do período, e a Selic elevada faz parte deste gargalo. 

Atualmente, ela está em 6,42% a.a. coloca o país como o terceiro mais elevado do mundo, atrás apenas de Turquia e Rússia, pressionando diretamente os custos da cadeia produtiva.

Impacto direto nas famílias | A combinação de uma Selic alta com um spread bancário elevado (27,4%) resulta em um custo de crédito insustentável para as empresas, que se veem obrigadas a repassar esses aumentos para os preços finais ofertados ao consumidor. 

Um exemplo prático: em 2024, o segmento de pet food, que deve faturar R$ 42,3 bilhões, representando 54,9% do total do setor. É um produto essencial, mas com o aumento no custo desses produtos, pressionado pela taxa de juros, muitas famílias podem ter dificuldades em oferecer o cuidado adequado para seus animais de estimação.

“Os pets são parte da família, e o aumento no custo dos produtos pode levar a um cenário em que muitas pessoas não consigam oferecer o cuidado necessário aos seus animais”, afirma José Edson Galvão de França, presidente-executivo da Abinpet e membro do Conselho Consultivo do Instituto Pet Brasil. As vendas de produtos veterinários, projetadas para alcançar R$ 8 bilhões, também estão sendo impactadas. As famílias estão cuidando melhor de seus pets, mas a alta carga tributária e os juros elevados penalizam essa relação de cuidado e bem-estar.

Desafios para as PMEs | Outro ponto crítico é o impacto das taxas de juros sobre as pequenas e médias empresas (PMEs), que são responsáveis por quase metade do faturamento do varejo pet, movimentando cerca de R$ 37,5 bilhões em 2024. A Abinpet entende que, com o crédito caro e de difícil acesso, essas empresas enfrentam desafios adicionais para expandir seus negócios e investir em inovação. Pequenas empresas, especialmente, têm taxas de financiamento quase duas vezes maiores que as de grandes empresas, o que limita ainda mais seu potencial de crescimento.

Carga e reforma tributária | Além das taxas de juros, a entidade também chama a atenção para a alta carga tributária que incide sobre o setor, especialmente no caso do pet food. “A cada R$ 1 gasto pelos consumidores, R$ 0,50 são impostos”, destaca Galvão de França. Este nível de tributação é extremamente superior ao de outros mercados globais, como Estados Unidos (6,6%) e Alemanha (7%), o que prejudica a competitividade da indústria brasileira.

Para a Abinpet, é urgente que o Brasil reavalie sua política de juros. A redução da Selic e do spread bancário seria crucial para garantir que as empresas possam continuar investindo em inovação, expandindo seus negócios e atendendo adequadamente às necessidades dos pets e seus tutores. A sincronia entre política fiscal e monetária será essencial para garantir que o Brasil permaneça competitivo no mercado global e que as famílias brasileiras não sejam penalizadas ao cuidar de seus animais de estimação.

Informações retiradas do site abinpet.org.br (em 23 de setembro de 2024).

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!