O Parlamento da Coreia do Sul aprovou, nesta terça-feira 09 dezembro, uma lei que proíbe a criação, abate e venda de cães para consumo de carne, uma prática tradicional no país, mas fortemente criticada por ativistas da causa animal. O texto teve amplo apoio, com 208 votos a favor e nenhum contra na Assembleia Nacional. A nova legislação deve entrar em vigor após um período de carência de três anos, aguardando apenas a aprovação final do presidente Yoon Suk-yeol.

Criar, abater e vender cães para consumo será punido com até três anos de prisão ou multa de até 30 milhões de wones (aproximadamente R$ 111,4 mil). A carne de cachorro é uma parte histórica da culinária sul-coreana, sendo estimado que até um milhão de cães eram abatidos anualmente. No entanto, o consumo diminuiu ao longo do tempo devido à crescente adoção de cães como animais de estimação.

Atualmente, comer carne de cachorro é considerado um tabu entre os jovens urbanos sul-coreanos, e ativistas têm pressionado o governo para proibir essa prática. Uma pesquisa recente de uma organização de bem-estar animal revelou que nove em cada dez sul-coreanos afirmam que não comeriam carne de cachorro no futuro.

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Foto: Jung Yeon/JE/AFP

A proibição recebeu apoio do presidente Yoon, conhecido por adotar cães e gatos de rua, e da primeira-dama Kim Keon-hee, que é crítica ao consumo de carne canina. Tentativas anteriores de proibir o comércio enfrentaram resistência de agricultores que criavam cães para consumo. A nova lei, entretanto, inclui compensações para esses negócios, permitindo que se dediquem a outras atividades.

“Atingimos o ponto de inflexão em que a maioria dos cidadãos coreanos rejeita comer cães e quer ver esse sofrimento relegado aos livros de história”, afirmou Chae Jung-ah, diretor executivo da Humane Society International Korea, um grupo de proteção animal.

A posse de animais de estimação aumentou na Coreia do Sul ao longo dos anos, com um em cada quatro lares coreanos tendo um cachorro de estimação em 2022, em comparação com 16% em 2010, segundo dados do governo. No entanto, a proibição enfrenta resistência da Associação Coreana de Cães Comestíveis, uma coalizão de criadores e vendedores, que planeja levar o assunto ao Tribunal Constitucional do país para questionar a legitimidade da lei.

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Foto: Jung Yeon/JE/AFP

O governo sul-coreano estima que cerca de 1.100 fazendas estavam criando 570 mil cães para serem servidos em aproximadamente 1.600 restaurantes em abril de 2022. A proibição afetará 3.500 fazendas que criam 1,5 milhão de cães, além de 3.000 restaurantes que servem carne de cachorro. A carne canina é considerada uma iguaria de verão na Coreia do Sul, sendo apreciada por suas propriedades energizantes e pela crença de que ajuda a resistir ao calor.

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