Bilhões de aves realizam migrações incríveis todos os anos, viajando milhares de quilômetros em uma jornada repleta de perigos. Embora os cientistas saibam que as aves migram em resposta às mudanças sazonais na Terra, as razões exatas por trás desse fenômeno continuam a ser uma fonte de debate.

Um estudo recente publicado na revista Nature Ecology & Evolution aprofundou esse mistério, desafiando a suposição de longa data de que a migração oferece às aves uma vantagem energética.

Há duas teorias principais sobre a evolução da migração das aves:

  • A hipótese do “lar temperado” postula que as aves se originaram em climas mais frios e gradualmente se adaptaram para migrar para regiões mais quentes durante o inverno para escapar de condições adversas.
  • A hipótese do “lar tropical” propõe que as espécies migratórias se originaram nos trópicos e evoluíram para sair durante a época de reprodução para capitalizar os recursos e evitar a concorrência.

Uma revisão de 2019 dos dados existentes sugeriu que a hipótese do “lar temperado” é verdadeira para a maioria das espécies de aves. Essa descoberta levanta a questão de por que as aves deixariam os confortáveis trópicos para retornar aos seus locais de reprodução mais frios.

Uma teoria sugere que as aves podem ser instintivamente atraídas de volta a um território familiar, onde eles têm conhecimento estabelecido de fontes de alimento, locais de nidificação e ameaças em potencial. Outra possibilidade é que a competição por recursos nos trópicos durante a estação de pico leva as aves a procurar locais de reprodução menos lotados.

Um estudo recente sobre melros europeus (Turdus merula) complica ainda mais a compreensão da migração das aves. Essa pesquisa, que envolveu o rastreamento da frequência cardíaca e da temperatura corporal de aves equipadas com dispositivos especializados, produziu resultados inesperados.

Ao contrário da crença de que a migração acaba economizando energia, o estudo descobriu que tanto os melros residentes quanto os migratórios gastavam aproximadamente a mesma quantidade de energia ao longo de um ano. Essa descoberta surpreendente sugere que fatores além da simples conservação de energia provavelmente estão em jogo na condução da migração das aves.

Uma descoberta intrigante foi a observação de uma desaceleração metabólica não documentada anteriormente em melros migratórios no mês anterior à sua partida. Esse período de redução da frequência cardíaca e da temperatura corporal sugere um mecanismo preparatório oculto que ainda não foi totalmente compreendido.

Embora o estudo não tenha revelado por que os melros migratórios não conservaram energia como esperado, os cientistas propuseram várias possibilidades:

  • Realocação de energia para processos reprodutivos.
  • Armazenamento do excesso de energia para uso futuro.
  • Aumento do gasto de energia devido aos desafios de encontrar alimentos e competir por recursos nos trópicos.
  • Níveis de atividade mais altos em temperaturas mais quentes.

Apesar dos avanços significativos na compreensão da migração das aves, muitas perguntas continuam sem resposta. O desenvolvimento de tecnologias sofisticadas, como Bluetooth e rastreamento por satélite, juntamente com dispositivos de monitoramento cada vez mais miniaturizados, abriu novos caminhos para a coleta e análise de dados.

À medida que os cientistas continuam a reunir mais informações, eles esperam obter uma visão mais clara dos fatores complexos que impulsionam a migração das aves e suas implicações para os esforços de conservação em um mundo em transformação.

Informações retiradas do site socientifica.com.br (em 16 de outubro de 2024).

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