Theo foi resgatado no dia 16 de julho deste ano, em condições de maus-tratos; ele não pode ser adotado até o fim da ação judicial no RS
O cão Theo, um shih-tzu que teria sido submetido a uma castração caseira, foi resgatado em Sapiranga, na Região Metropolitana de Porto Alegre, e virou autor de uma ação judicial contra a própria tutora.
Theo, que tem cerca de 7 anos, foi resgatado pela veterinária Aline München no dia 16 de julho. Ela foi designada cuidadora do cão até a conclusão do processo. Ele não pode ser adotado até o desfecho da ação judicial.
A juíza Paula Mauricia Brun, da 1ª Vara Cível de Sapiranga, concluiu que a tutora não tem “condições” de ficar com o cachorro “diante do sofrimento que causou”, “podendo colocá-lo novamente em situação de risco e de maus-tratos”.
A decisão que manteve Theo com a veterinária é provisória. O mérito do processo ainda será analisado. A antiga tutora não foi ouvida, mas já foi intimada para apresentar sua defesa.
Theo foi levado à clínica veterinária My Clinic Saúde Animal com sangramentos e sinais de infecção. Durante o atendimento, segundo a veterinária Aline München, a tutora confessou a castração caseira.
Aline contou ainda que o cachorro teria sido amarrado, sem medicação, e suturado com linha de anzol. Theo passou por uma cirurgia e, segundo o último boletim da clínica, está bem.
A própria clínica veterinária entrou com a ação judicial contra a tutora. O processo pede que ela perca a guarda definitiva do cachorro e seja condenada a pagar pelo tratamento e pelos danos causados.
Para o advogado Rodrigo Rammê, especializado em Direito Animal, e que atua no processo em nome da clínica, a inclusão do cachorro como autor da ação é a “busca pelo reconhecimento da condição do Theo como sujeito de direito”.
O debate sobre a categorização dos animais no Direito brasileiro ainda é um desafio. No Código Civil, por exemplo, seu status passou de “coisa” para “bem” – o que, na prática, continua atraindo para eles o regime jurídico de objeto.
A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) reconhece, desde 1978, os animais como “seres sencientes”. Isso significa que, se eles são capazes de sentir, não podem ser tratados como objetos.
Fonte: CNN (em 20 de agosto de 2024).